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Sou Homem e trabalho com Pomba Gira!

Quem me conhece sabe que eu adoro uma polêmica. Principalmente como estudante de psicologia e já apaixonado por psicanálise, pois consigo ver nessas horas o "inconsciente falar". No texto de hoje vou mostrar um pouco sobre o que eu penso, baseado em alguns estudos de Jung, Freud e do neuropediatra José Salomão Scwartzman, de um assunto extremamente polêmico e cercado de tabus, preconceitos e mistérios na Umbanda, a incorporação de entidades femininas por médiuns masculinos.

Sim, eu sei que você fez careta agora. Mas é um assunto que muito me envolve, pois eu trabalho com entidades femininas, e que neste ultimo mês foi questão de grande debate em alguns grupos que participo no Whats App.

Para compreendermos melhor o assunto, é preciso lembrar o que é espírito, na ótica umbandista que eu sigo. Para nós, espírito é a condição natural do ser e seu estado fora da matéria. Ou seja, espírito somos nós, sem o corpo. Embora o termo também possa ser usado para falarmos de nós encarnados, que não deixamos de ser espíritos, eu particularmente uso o termo Alma para designar o estado do espirito encarnado.

Sabemos, pela obra de Kardec (1804-1869), que o espirito não possui forma definida, podendo segundo seu grau de conhecimento, plasmar a forma que melhor lhe parecer, assumindo aspectos masculinos, femininos e até mitológicos, como observamos na obra " Entre velas e defumações -  estudando com Vô Joaquim'. Sabemos também que o espirito não é, nem masculino nem feminino, mas que passa por ambas as experiências no processo de evolução, afinizando-se talvez com um gênero em detrimento de outro.

Aqui, para mim, já se encerra toda a discussão. Mas vamos adiante.

Para a doutrina que sigo, assim como para a Wicca, o Taoismo e muitas outras, a divindade é dual, ou seja, apresenta-se tanto masculinamente, o Pai, como femininamente, a Mãe, e  nós, somos a junção e os entrecruzamentos dessas duas faces da divindade. Já ouviu falar de Yin e Yang certo? Mais ou menos isso.

Da mesma forma, Jung diz que:

“a pessoa é masculina e feminina, não é só homem ou só mulher. De tua alma não sabes dizer de que gênero ela é. Mas se prestares bem atenção, verás que o homem mais masculino tem alma feminina, e que a mulher mais feminina tem alma masculina. Quanto mais homem és, tanto mais afastado de ti o que a mulher realmente é, pois o feminino em ti mesmo te é estranho e desprezível” (JUNG, 2010, 263).

Ou seja, para Jung, somos uma mistura de psiquismo homem e mulher.
Vimos então que todos nós,encarnados e desencarnados, somos uma mistura energética e psíquica de masculino e feminino. Jung ainda acrescenta, que só nos tornamos completos quando as duas energias encontram expressão consciente na vida do sujeito. O que eu entendo como, manifestar o  sagrado masculino e  feminino de cada um. A Wicca faz isso nas celebrações dos solstícios e equinócios, demonstrando o constante movimento do Deus e da Deusa, a Umbanda por sua vez, faz isso no culto ao Ori, onde temos, pelo menos na Umbanda por mim praticada, um Pai Orixá e uma Mãe Orixá, mantendo o equilíbrio energético, e a totalidade junguiana.
Mesmo que haja as diferenças biológicas entre homens e mulheres, como na formação hormonal, no tamanho da massa encefálica, ainda assim somos energeticamente semelhantes. Ainda que para Freud:
 existe uma classificação segundo o gênero; uma distinção que começa em uma etapa anterior à castração, sem levar em conta a anatomia, cuja base é a diferenciação pai/mãe. A apreensão dos gêneros se faz sem levar em conta o órgão sexual. A presença ou a ausência do órgão sexual masculino ou feminino não constituem garantia que o sujeito se coloque do lado dos homens ou do das mulheres (in ARENDE, 2010).

Freud se assemelha a Jung no tocante ao dizer que todos somos macho e femea, só que Freud:
"considera como indicações da bissexualidade que partes do aparelho sexual masculino também aparecem no corpo da mulher, ainda que em estado atrofiado, e vice-versa, como se um indivíduo não fosse homem ou mulher, mas sempre fosse ambos, simplesmente um pouco mais de um do que de outro e a proporção em que masculino e feminino se misturam num indivíduo, está sujeito a flutuações muito amplas.(in ARENDE, 2010).
Sendo que somos todos "bissexuais", no sentido freudiano e junguiano, por que não seria possível ao médium masculino trabalhar mediunicamente com entidades que se apresentam de forma mais feminina?Qual o problema de isto ocorrer?  Nenhum.

Muito pelo contrário, o trabalho e o contato, com a energia Yin das entidades femininas, sejam elas as Mães Orixás, como Oxum, Iansã, ou guias, como pretas-velhas, baianas e até mesmo as pomba giras, é extremamente benéfico para o tônus energético do médium. Este contato, pode favorecer a conscientização da energia Yin do próprio médium, trazendo a totalidade energética e psíquica de Jung. Do mesmo modo, médiuns mulheres ao trabalharem com Orixás e entidades em roupagem masculina facilitam o contato com sua própria energia Yang. Jung chama isso de  animus  e anima.

Algumas questões que sempre aparecem quando discutimos esse assunto.


O trabalho com pomba giras torna o médium masculino homossexual?

Só não caio na gargalhada, pois sei que muitos, inclusive eu, foram ensinados assim. Mas crer nisso, é no minimo, falta de entendimento dos princípios básicos do mediunismo, e de desconhecimento do que é uma pomba gira. Pois eu não quero crer que seja preconceito. Umbandista preconceituoso é como judeu nazista, só pode ser doente.
Só para exemplificar. Quase a totalidade dos médiuns umbandistas, trabalham com Caboclos, que são os espíritos que se apresentam em roupagem fluídica indígena. Não conheço um médium, que tenha largado a cidade, ido morar na mata e começou a "trepar" em arvore e comer banana por causa do caboclo. Porquê então a pomba gira transformaria o médium em homossexual?

A manifestação de pomba giras em homens é igual a manifestação em mulheres? Por que muitos médiuns quando incorporados com as pomba giras mais parecem estarem em escola de samba?

Sei, e reconheço tristemente isso, que muitos homossexuais acabam transferindo para a pomba gira, seus desejos inconscientes de travestir-se, de afeminizar-se. Mas isso é do inconsciente do médium em desequilíbrio, não da pomba gira. Eu trabalho com dona Sete Saias e ela trabalha de calça, não se quebra toda, não se pinta, não usa peruca e todos as bijuterias que ela usa, eu dei por minha própria vontade, nunca ela me pediu nada. Alias, só começou a usar o colar depois de muita insistência minha. Fato é que ela me pedia uma roupa, e eu comprei-lhe uma saia, que ela nunca usou. Tirou e ficou de calça na mesma hora que chegou em terra. E como ela mesma diz " se quero evoluir junto com vocês, primeiro tenho que desvencilhar-me da vaidade. Segundo como espirito, sei muito bem plasmar uma saia se eu precisasse de uma. Terceiro, eu sou um espirito guia, não palhaço de circo para condicionar meu médium ao ridículo".
Quanto a questão de ser manifestado da mesma forma,claro que não. Cada médium tem um tônus mediúnico próprio, uma vibração particular, e isso por si só já diferencia a manifestação mediúnica. Mas, no tocante a questão, a entidade feminina em médium masculino, respeitará a masculinidade do médium, assim como, por exemplo, não bebem quando o médium não pode.

Porquê é mais comum ver-se a manifestação de entidades femininas em médiuns masculinos que estão homossexuais?

É mais fácil sim para o homossexual masculino identificar-se com uma entidade em roupagem feminina do que um heterossexual masculino. O gay já tem mais consciente seu lado Yin e tem bem menos prisões inconscientes do que o hétero, então a entidade feminina encontra menos obstáculos no contato mediúnico, mas isso não significa que o homem hétero não possa afinizar-se mediunicamente com entidades femininas, e se teme "aviadar-se" com isso, sinto lhe dizer, a culpa não é da entidade, é sua mesmo.

Porquê esse mesmo tabu não acontece no tocante ás mulheres?

Primeiro, pelo machismo inconsciente que ainda existe na nossa sociedade. Segundo que para a mulher, afinizar-se com energias diferentes é bem mais fácil. Seu corpo perispiritual e também o físico já estão pré programados a receber energias diversas. Um preparo inconsciente do corpo biológico para a gravidez.

Para encerrar deixo um abraço grandioso e fraterno, respeitando sempre o livre-arbítrio de cada um e a maneira rito-litúrgica de cada irmão, lembrando que este texto tem caráter elucidativo e não dogmático.


Fontes de referência:
https://womenvsmen.wordpress.com/o-cerebro/
http://drauziovarella.com.br/mulher-2/diferencas-de-genero/
http://ceccarelli.psc.br/pt/?page_id=1483
O livro dos Espíritos
O livro dos Médiuns
A gênese
Entre velas e defumações -  estudando com Vô Joaquim, ainda sendo escrito.

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