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Visitas a outros terreiros

O Umbandista depois que adentra aos trabalhos mediúnicos em um terreiro acaba se fixando naquela casa pouco visitando outros terreiros. Na maior parte das vezes essa visita chega até mesmo a ser proibida pela dirigência da casa umbandista, mas por que?

Não é por vaidade nem por ciúme do sacerdote, pelo menos não deveria ser, mas sim por preocupação. A função de sacerdote de um terreiro de umbanda, muitas vezes conhecida como zelador, é isso mesmo, zelar pelos filhos, zelar pela mediunidade deles, pela coroa deles, e em outro terreiro isso fica meio dificil não é mesmo?

Imagina que você tenha filhos que estão aprendendo a andar, você deixaria ele ir sozinho visitar outras pessoas?

Outro ponto, a Umbanda não é una em sua ritualística, por vários motivos, então as formas de tocar uma casa variam de terreiro para terreiro. Portanto o que aprendemos numa casa, pode ser diferente em outra. Imagina a confusão que isso pode dar na mente de um médium iniciante.

Ainda cabe considerar o fato de que cada terreiro é uma egrégora. O terreiro onde trabalhamos é uma, e cada terreiro é outra, em níveis de vibração e densidade energéticas diferentes, e também em níveis de evolução diferentes. Quando nos cruzamos num terreiro nós começamos a formar ativamente parte da construção da egrégora daquela casa, mas mesmo como assistência nós doamos energia para construção e recebemos energia da egrégora. E cada vez que fizemos essa transação nos ligamos energeticamente a essas egrégoras. Será mesmo benéfico estar divido assim?

O desenvolvimento mediúnico é como um tratamento médico, tem remédios, terapias, preceitos. Acho difícil alguém se tratar com mais de um médico, até porque eles podem ter formação diferente, formas de atuar diferentes, especializações diferentes e portanto receitar remédios diferentes e que muitas das vezes podem ter reações alérgicas entre si. Isso vale também para assistência que pula de gira em gira pedindo as mesmas coisas pra quinze entidades diferentes.

Uma reflexão que vale é o motivo dessa visita. É para conhecer a diversidade rito-litúrgica da Umbanda, é para fazer amigos, ou porque os tem nesta outra casa? Benéfico, aconselhável inclusive, mas converse com sua zeladoria, ela sabe informar se você está energeticamente apto para tal visita. Ou melhor, porque não marcar um encontro entre terreiros? Olha que coisa linda, a irmandade e a fraternidade umbandista crescendo. Agora se for por que seu coração não está satisfeito com o atual terreiro, por que você acha que a Pombo Gira da outra mãe de santo tem uma roupa mais bonita, por que você acha que algo que é feito na sua atual casa não te faz bem, converse com sua zeladoria, exponha as coisas, diga os porquês.

Vou dar dois exemplos meus. Comecei o desenvolvimento num terreiro de Almas e Angola, amo até hoje e sou grato por tudo que lá tive, mas não concordava com os cortes ritualísticos. Enquanto fui filho daquela casa ajudei sempre sem emitir pensamentos contrários aos trabalhos. Segurava galinha, despenava, lavava e tudo com muito amor, pois mesmo não gostando entendia o porquê. Um dia quando o Tranca Ruas que trabalha com o dirigente da casa disse que eu daria minha primeira obrigação, eu com todo respeito neguei. Disse que não ia fazer nada que tivesse sangue. Ele disse que achava digno, justo e que não ia interferir no meu livre arbítrio mas que sem sangue ele não podia fazer porque são os fundamentos daquela casa. Acabei mudando de cidade e também de terreiro.

Comecei frequentar um outro terreiro. Só que muita coisa lá era diferente do que eu havia crescido, então eu não me adaptava a doutrina e nem ao fundamento da casa. Mesmo assim decidi tentar, avisando aos dirigentes da casa toda minha trajetória mediúnica e as coisas diferentes que haviam, tanto que eu era o único médium homem que trabalhava com Pombo Gira e Yabá, pois como o próprio sacerdote disse, ele não podia desfazer todo o desenvolvimento que minha Oxum e a Sete Saias tiveram e enfiar elas num potinho no congá. Mas não me adaptei, fiz amigos, criei um vínculo de amor com a casa, mas meu coração e minha mente, não se entendiam com a fundamentação da casa. Não porque eu sou melhor ou eles melhores, só somos diferentes. Avisei a espiritualidade da casa que estava pensando em sair e pedi permissão para procurar outro terreiro. Dito e feito. Conheci um que tem uma fundamentação próxima daquela onde fui criado e próxima do que acredito e que não tem corte. Morri por ter avisado? Minhas entidades ficaram presas? Não.

Então, quer visitar outros terreiros? Vá, mas converse com seus sacerdotes, reflita nos motivos reais desta visita, pense se isso vai ser bom.

No mais que tenhamos sempre o espirito de fraternidade e união que a Umbanda nos ensina a ter e que mesmo dentro do nosso congá, cada um no seu, sejamos sempre irmãos.

"Seja bem vindo meu irmão, venha com Deus e com toda proteção.
A casa é sua, presença boa, filhos de fé Oxalá que te abençoa"