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Machado de Xangô - Conto - Parte Final

Astolfo percebeu-se então diferente, com várias presenças lhe observando. Ele podia ver e ouvir a chuva caindo cada vez mais forte porém não sentia seu corpo molhando. Sentia um frio, mas um frio que vinha de dentro, como se o coração dele tivesse congelado.

Avista então um senhor de pele e vestes brancas, cabelos louros que lhe comunica estar desencarnado e que lhe convida a ir embora daquele lugar. Ele recusa, dizendo estar vivo, e que de maneira alguma poderia ter morrido, mas nem terminara de falar ele se depara com seu corpo no chão sem vida. Desesperado e sem acreditar estar morto ele é abraçado e acolhido pelo homem de vestes brancas. Ao lado do corpo de Astolfo no plano físico, uma pequena multidão se formara. Tinham chamado a ambulância, mas quem apareceu primeiro foi a jovem ruiva, médium a quem momentos antes Astolfo havia encontrado. Ela pede silêncio e com uma autoridade surpreendente fala ás pessoas:

- Não precisa chamar nada e nem ninguém. Avisem a família que ele desencarnou. Xangô veio buscar seu filho. Vejam, ele foi atingido por um raio. Enterrem ele em cova rasa, mas deixem a cabeça de fora. Quando for de manhãzinha o coitado revigora.

E assim foi feito. Enterraram o corpo de Astolfo e mais um raio caiu junto a sepultura e a chuva acabou. O céu outrora negro, agora resplandecia com a luz da lua e inúmeras estrelas. Do outro lado da vida, entregue ao homem de vestes brancas, Astolfo descobre estar sob o controle de um antigo obssessor.

- Pois é, mais um idiota enganado pela alvura de minhas vestes. Bando de racista. Como se a cor das vestes de alguém definisse sua posição no plano espiritual. - e começou a detalhar tudo o que trouxera Astolfo até ali.

Do lado de cá, entre os encarnados, Vó Juventina mais uma vez incorporada em sua médium, reúne os trabalhadores e as trabalhadoras de seu terreiro para um momento de prece em benefício de Astolfo. Atendendo ás súplicas sinceras daquela reunião, um Exu da falange dos Caveira que havia sido orientado para cuidar e trabalhar na mediunidade do recém desencarnado, incorpora em uma das médiuns daquela casa santa.

- Hahaha- veio ele gargalhando - Salve a todos os filhos salve Vó Juventina. Peço licença para usar este aparelho mediúnico um pouco, para pedir que continuem em vibração por meu filho. Estou indo busca-lo.

Após algumas explicações de cunho magístico Exu Caveira e Vó Juventina iniciaram o trabalho de resgate de Astolfo. Quando por fim conseguiram resgata-lo, o sol já brilhava no horizonte, Vó Juventina agradeceu o compromisso de todos e todas as médiuns e desacoplou de sua médium. 

Saíram todos do terreiro e dirigindo-se a Calunga foram levar uma flor para o Astolfo. Chegando lá, seu corpo não mais ali estava, no seu lugar, um machado de pedra. Todos se olharam e juntos bradaram:

- Kaô Kabecilê!


- Conto baseado na canção "Machado de Xangô" interpretada por Juçara Marçal e Kiko Dinnucci no Álbum "Padê" sob a  inspiração do Sr. Exu Mirim Caveirinha e Vô Joaquim.


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