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Entrevista com o Vereador Jefferson Forest

Bom dia meus irmãos, conforme prometido trago hoje para reflexão a entrevista dos programas " Tem Fundamento" e "Deixa a gira girar" apresentados por Mãe Karol de Iansã e Pai Dermes de Xangô, respectivamente, na sensorialfm.

Eu tive o privilégio de estar presente no dia da entrevista e pude verificar de perto as propostas e o comprometimento dele com relação ao povo de santo e as religiões todas de uma maneira geral.

Entre assuntos pertinentes a cidade nossa, Blumenau,que anda um caos no transporte coletivo (público nunca foi) entre outras questões, o vereador falou sobre a participação dele no Fórum Catarinense de Umbanda do ano passado, ainda lembrou a fala de Pai Dermes na Câmara de Vereadores da cidade.

Não vou trazer toda a entrevista aqui, mas algumas partes que eu considero mais genérica. Boa leitura!

Pai Dermes: O vereador havia comentado sobre as muitas politicagens que ocorrem e que desvalorizam o verdadeiro trabalho do político. Vale lembrar que na Umbanda nós sofremos de algo semelhante, chamado popularmente de marmotagem e charlatanismo. São aqueles sacerdotes ( se é que podemos assim chama-los, opinião minha), que extorquem seus filhos, que cobram por atendimentos e trabalhos. Respeitamos claro, aqueles sacerdotes que por diversos motivos tiveram que deixar a vida civil para dedicar-se exclusivamente a vida religiosa e que cobram por alguns trabalhos. Por outro lado essa não é a filosofia das nossas religiões, onde a caridade e a gratuidade do trabalho são a fundamentação.Além disso nós sabemos que também existe aqueles que simulam incorporações, que pedem objetos para trabalhos sem nenhuma fundamentação ritualística, então a luta é muito grande para nos desvincular, desses "pais" e "mães" que nós chamamos de "lambe lambe", que são aqueles cartazes pregados em poste que prometem o amor em três dias. Mas uma religião por principio só pode fazer o bem, e sem jamais ferir o livre arbítrio, sem forçar ninguém a algo.  Nesse sentido eu vou pedir ao senhor vereador, que fale de uma situação de agressão, uma situação de ameaça que o senhor e outros vereadores recentemente passaram na Câmara Municipal de Blumenau, e que tem um fundo ideológico religioso, e na fala dele vocês vão perceber que as coisas acontecem de fato, e como nós costumamos dizer, não existe guerra santa, o que existe são interesses pessoais que colocam a questão religiosa no meio, como no caso dessas ameaças ao vereadores aqui de Blumenau.

Vereador Jefferson: Ademir, é um fato que merece bastante reflexões, eu recebi um bilhete na Câmara de Vereadores e mais dois vereadores também receberam, dizendo que nós representávamos o diabo, que eramos diabólicos, que o que a gente fazia era diabólico, então foi um fato bastante desagradável. Eu peguei as imagens do circuito interno, identificaram uma senhora levando os envelopes, uma maluca pobre coitada que acaba servindo de instrumento para isso. Disso a gente tira algumas reflexões, o que leva um ser humano a pensar isso? Que abitolamento que leva alguém a pensar isso? Mas isso não muda nossa opinião, mas nos faz lutar mais para que a sociedade aprenda  a se libertar e aprender a viver com a diversidade.

Pai Dermes: Bacana vereador, e aproveitando a questão da Câmara em si, a respeito dos símbolos religiosos, em espaços públicos, o que o vereador pensa. Não termos símbolos nenhum, democratizar isso? Se o senhor fosse apresentar uma proposta hoje, qual seria?

Vereador Jefferson: Ademir, eu sou a favor da inclusão, eu acho que se o Estado é laico, que ele permita que os espaços sejam ocupados pelos diversos símbolos, ou que não se permita nenhum. o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul por exemplo, obrigou a retirada de todos os crucifixos das repartições públicas, obrigou, porque o nosso Estado é laico, ação essa movida pela União Gaúcha de Lésbicas se não me engano, e essa é minha opinião, acho que é para isso que a sociedade tem que avançar e evoluir.
Vereador Forest conhecendo a sede da TUIMCAJ
Pai Dermes: Maravilha vereador. Pois isso nos dá abertura para termos um dia quem sabe, a beira do rio Itajaí, uma representação de Oxum, a deusa dos rios, das águas doces, do amor, né Bryan? E ainda uma pergunta nesse sentido, nós temos uma dificuldade muito grande, que a lei nos faculta, o serviço de capelania. Tendo a documentação necessária, para que possamos visitar um irmão encarcerado, enfermo,mas muitas vezes o próprio hospital não nos faculta a entrada. Como o senhor visualiza isso? Qual a sua sugestão, para que nenhuma religião se sinta ferida no seu direito, além das denuncias de praxe, qual sua sugestão, qual sua experiência nesse sentido?

Vereador Jefferson: A sociedade incorpora valores. Valores do machismo, sociedade é homofóbica e racista, infelizmente. A nossa legislação ampara algumas dessas coisas, hoje por exemplo o racismo é crime, o não respeito a liberdade de culto também é crime. Então temos que respeitar, é nosso dever. Então temos que buscar nossos direitos, somente assim vamos avançar e superar isso. Pois mesmo a legislação amparando se nós não buscarmos acabamos criando um direito costumeiro, tá na lei mas ninguém cumpre.

Pai Dermes: Muito importante essas colocações. Muitas cidades têm o Conselho da Igualdade Racial, e sabemos que Blumenau existe uma luta muito grande dos irmãos que estão batalhando por isso a muito tempo. Chegamos na cidade, Mãe Karol e eu fomos dialogar e ver a quantas anda. Alguns municípios estão instalando as delegacias especializadas em ódio religioso, alguns chamam de intolerância, enfim. Mas o outro lado existe o positivo.  Nas religiões tradicionais de terreiro, pois somos bem inclusivos com os diversos segmentos marginalizados da sociedade. Inclusive nos fazem caricatura, pois muitos filhos de fé e muitos sacerdotes são homossexuais, transexuais. E eu digo sempre brincando que se chega um casal homossexuais, nós não vamos desencapetá-lo, pois não existe encapetamento na forma de demonstrar o erótico e o amor. Então eu gostaria que o senhor fizesse uma pontuação da seguinte maneira, como o senhor como homem e cidadão, religioso ou não, como o senhor vê a importância das religiões no acolhimento desses cidadãos que tem as portas fechadas inclusive muitas vezes pelo poder público.

Vereador Jefferson:  Eu acho que. é por isso que eu gosto de vocês. Quem pode condenar o amor, que religião tem o direito de condenar o amor? Infelizmente algumas religiões se apegam a escritos antigos que não condizem com a verdade sobre o ser humano. (...). Eu acho que as religiões, a sociedade como um todo, independente de sua orientação sexual. Minha filha mais velha tem catorze anos, e um dia ela chegou para mim e falou "pai, acho que gosto de meninas, será que sou homossexual?". No que eu disse a ela que não sabia, que ela ainda estava descobrindo a sua sexualidade, e que dentro de casa ela sempre seria amada, sendo homossexual ou não. Eu acho que esse é o caminho que a sociedade deve seguir. Seguir o caminho do amor. E a religião deve seguir o amor, tem que pregar o bem entre os seres humanos. Ela não pode criminalizar o amor. Eu vejo alguns pastores entrarem numa briga contra o homossexualismo, uma briga odiosa, como se o ser humano optasse, olha que coisa, ninguém opta pelo caminho mais difícil, e eles travam uma guerra. Na televisão, por onde vão. É cura gay. É atrocidade. É um ódio anticristão. Mas não podemos fechar os olhos, a sociedade é machista, é homofóbica. E muitas vezes essa sociedade é espelho do que se propaga dentro das religiões. E este é o grande desafio das religiões, pregar o amor. Quando a sociedade entender, compreender, der este salto, e respeitar o ser humano sem duvida viveremos dias melhores.Já foi pior, estamos superando. Quando vejo jovens sendo homofóbico, racista isso me preocupa. Quando vejo jovens cultuando Bolsonaro, que propaga o que há de mais atrasado na política. Precisamos ajudar a se libertar disso. E isso é um valor politico que levo comigo. Porque estar na política se não para lutar para que a sociedade avance e construa um mundo melhor.

Mãe Karol: Nós temos hoje, dentro do nosso quadro político nacional, eu vou chamá-lo simplesmente de cidadão, porque o respeito como irmão, Eduardo Cunha. Ele acredita que a base evangélica deve mexer na constituição e nas leis vigentes.  E isso me preocupa. Parece a volta da inquisição. E o que me preocupa com é que muitos compactuam com esse pensamento. Eu entrei em contato com o Eduardo, que nunca me respondeu, me bloqueou, fez de tudo. Nós somos uma pedra no sapato de alguns políticos. Mesmo que pequenininha. Mas me preocupa esse posicionamento,pois dentro da Câmara blumenauense, pois assim como no Congresso temos pessoas que colocam a religião acima de tudo, da lei, aqui em Blumenau, a religião influenciou alguma atitude, alguma lei que possa não ter sido aprovada por motivações religiosas?

Vereador Jefferson: A Câmara de Vereadores, tomou diversas vezes posicionamentos pressionados pela religião. Diversas. Nossa. Muita gente diz que a Câmara, tornou-se uma igreja, ela é dominada pela influência religiosa. Dando um exemplo. Ano passado nós votamos o plano municipal de educação, e nesse plano tinha a questão da igualdade de gênero. Pois o menino e a menina tem que crescer numa sociedade libertadora, em que se respeite o amiguinho, e que na escola ele aprenda esse respeito a igualdade de gênero e sexualidade. E esse tópico foi retirado do plano por pressão da igreja, com apenas quatro votos contrários, o meu e mais três. Os quatro da minha bancada. Apenas. O plenário foi tomado por pastores. E diversas e diversas vezes. A religião querendo influenciar. Mas se ainda fosse pelo lado bom, lado humano. Mas não, é para pregar o ódio. (...). Eduardo Cunha é um ladrão salafrário, usou a igreja para lavar dinheiro e até agora nada. Coisas como o Orgulho Hétero, olha que absurdo, como se precisasse comemorar isso no Brasil. Coisas assim acabam nos desanimam na política, como pode o Brasil dar tanto passos para trás? Tem uma filosofa alemã, escreveu a banalidade do mal, é isso está se tornando banal, essa discriminação, e muitas vezes aplaudida por uma parcela da sociedade.

Pai Dermes:  Pela fala do vereador nós podemos analisar que toda forma de fundamentalismo não é positiva. Nós muitas vezes vemos isso nas nossas religiões. Passamos por isso infelizmente. Nós temos também muitos irmãos de Umbanda e Candomblé, que assumem sua homossexualidade mas não assumem sua dirigência espiritual, nós dizemos que saiu do armário pela metade. ( nós aqui do blog dizemos que não saiu totalmente da recolhimento).

Mãe Karol: Essa conversa com o vereador Jefferson Forest, um dialogo muito importante, muitas dúvidas sanadas, não só para nossa cidade, mas para todos que nos ouvem. Todos nós como cidadãos que desejam uma sociedade mais justa podemos ter este dialogo. Claro que as vezes os vereadores não estão tão abertos como o vereador Jefferson, mas procure-os.Exija seu direito, use a tribuna da Câmara da sua cidade. Sei que o senhor ainda tem um mandato a cumprir, e vai ser licenciado para concorrem a prefeitura de Blumenau, enquanto pré candidato, quais suas propostas para as religiões tradicionais de terreiro para a cidade de Blumenau?

Vereador Jefferson: Karol, nós construímos nossa pré candidatura alicerçados em nossos valores e nos nossos princípios, aquilo que a gente entende para a cidade de Blumenau.  O conceito de cidade atual não é um conceito que prioriza o ser humano, nós temos cidades pensadas pros carros, pra tudo, menos para a convivência entre os seres humanos. A crise no transporte é exemplo disso. Nós achamos que temos que fortalecer todos os instrumentos de participação e de cidadania para a população. Nós já tivemos aqui, na época do nosso mandato, um orçamento participativo, a população opinava e discutia onde era gasto o orçamento. Nossa proposta é envolver a população e não deixar tudo na caneta de uma só pessoa. E quanto a Umbanda e as demais religiões, nós nos propusemos a criar um dia municipal, que resgate isso, que leve para a população, que a população entenda a importância da única religião genuinamente brasileira. Fazer com que todas as religiões se sintam representadas em Blumenau, levar para a população isso, que todas as religiões tenham espaço. Nós temos na Câmara uma parcela do orçamento que é destinado ás religiões, e é impressionante como as igrejas evangélicas, maior parte delas acaba levando esse dinheiro. 100 mil reais são destinados a igrejas evangélicas. Deve haver uma melhor divisão deste recurso. Esse deve ser o cerne central que nos guie para um governo democrático em Blumenau.

Vereador Forest (ao centro) recebendo o livro "Orixá, cinema, literatura e bate-papo" 
Mãe Karol: É importante sempre este tipo de debate. Lembrando que não é nenhum ataque a nenhuma religião, pois todas tem o mesmo espaço, ao menos com o senhor que sempre está a disposição. Existe uma lei que diz que líderes religiosos não deveriam ser elegidos a cargos políticos, mas que seja, o que não pode é a religião querer ditar as regras. Por outro lado nós somos protegidos dos ataques por Lei, temos a Lei 10639 de ensino, que falta muito em Blumenau. Meu filho sofreu intolerância em duas escolas da cidade, e nem a gerência de educação fez algo. Precisamos da junção, da firmeza e da irmandade, com a política, para entender que ninguém vai pregar o que você deve seguir dentro de sala de aula. Para isso serve a Lei 10639, para que os professores tenham essa preparação, para saber dizer o que é. E isso começa lá na faculdade, onde o africanismo é deixado de lado. E nós somos miscigenados. Quanto a sua pré candidatura estamos aguardando ansiosos as sua propostas. (...). Vamos estudar também a proposta dos demais candidatos, fazendo o mesmo convite,para ouvir os projetos em todas as áreas, comércio, turismo, transporte e religião, porque como diz o Dermes "religião também é questão de cidadania". E nós somos minoria, mas uma minoria que compra, que vende, que vota, que trabalha e que estuda. E a maior parte das vezes fizemos isso escondidos. Até quando a porta do armário ficará fechada. Não é o caso aqui da casa. (Avisos...) Boa quaresma a todos, obrigado ao vereador Jefferson Forest.

Pai Dermes:  Nós dizemos brincando vereador, que por ser o terreiro mais próximo da Vila Germânica, que nós tocamos as giras em alemão. Mas brincadeiras a parte, recentemente em uma escola aqui da cidade, tinha um quadro,  "Contribuição da Migração para Blumenau", e só apareciam os alemães. E onde ficam os paranaenses, os italianos, e os piracicabanos? Lembro também de algo que o pastor José Barbosa postou no face recentemente dizendo " fui à um terreiro de Umbanda para ver se tinham demônios. Encontrei um, que foi exorcizado naquela noite, o meu preconceito". (...) Para encerrar deixo a palavra para o vereador, deixar uma mensagem,  uma saudação final.

Vereador Jefferson: Eu quero agradecer vocês, a oportunidade de estar conversando com vocês, que são duas pessoas extraordinárias,  duas pessoas que a gente conhece, duas pessoas do bem, gente bacana e agradável e é sempre bom conhecer pessoas assim. Nosso mandato está sempre a disposição, alicerçado em princípios, princípios que a gente segue na vida, vida que é tão curta. Mas é bom conhecer pessoas do bem,num mundo onde tanta gente faz tanto mal, mas eu sei que o objetivo de vocês é fazer o bem, e ajudar a todos a se libertar.Obrigado.



-- Nós aqui do Blog agradecemos o convite de Mãe Karol e do Pai Dermes para estarmos juntos durante a entrevista. Agradecemos também ao vereador Jefferson Forest pela maravilhosa manhã que passamos juntos, foi incrível ver o vereador brincando com as crianças embaixo do carro procurando o Zé Pilintra (o gato branco), sem a menor preocupação. Gratidão também a Mana Miller que fez o cafezinho e a sensorialfm na pessoa do Pai Ronald Edy de Xangô por permitir que esse momento acontecesse.
Vereador Jefferson (ao centro), Mana Miller e eu

Conheça o vereador clicando aqui.


Fica o convite do Blog para que você, irmão no santo, irmão pagão, irmão cristão e irmão ateu, buscar o poder legislativo, que trabalha para você, e analisar o que estão fazendo na sua cidade. Fica também o convite aos demais vereadores de Blumenau para darem a sua palavra sobre o assunto.

Um abraço e até a próxima.









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