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Orixá Castiga?

Sinceramente me dói ter que escrever um texto como esse, mas devido aos recentes acontecimentos e a falta de bom senso por parte de alguns é imprescindível trazer alguns esclarecimentos sobre o tema.

O fato é que muitas escolas de samba aproveitam o Carnaval e usam em seus enredos nossos deuses e tradições (como você pode conferir aqui), e uma dessas escolas foi a União da Ilha que trouxe para a Sapucaí o Candomblé de Angola.

O problema não está nisso, embora eu pudesse problematizar sobre a midiatização e fantasiação da religiosidade em épocas festivas, mas no fato de que houve alguns problemas na execução do desfile, tendo inclusive acidentes envolvendo um dos carros da escola.

Quando isso acontece, o lado fanático do religioso se aflora, e em vez de raciocinar sobre os possíveis porquês do acidente, várias pessoas, algumas delas velhas e influentes no santo, manifestaram-se com frases como esta:
"Não trata Exu é nisso que dá"
" Usa os santos sem pedir, o santo cobra"
" É castigo, sai pra festejar e não dá de comer a Exu"

Sério? Por Zambi eu não preciso mais ler coisas assim em pleno ano de 2017.

Vamos pensar um pouco. Exu tem muito mais o que fazer do que castigar escola de samba. Aliás Exu adora um Carnaval, principalmente se este está sendo usado para promover a paz e a tolerância entre as religiões. Se Exu castigasse quem tenta de alguma sorte promover sua fé, Exu precisa de um psicólogo urgentemente.

Acidentes no Carnaval acontecem todos os anos, com todas as escolas, em quaisquer enredos. Não é exclusividade de quem tem enredo com os Orixás. A Mangueira falou de Oya ano passado e foi a campeã.

E pensem comigo, tanta gente fazendo marmota, tanta gente vendendo o santo, tanta gente destruindo o sagrado, e Exu vai castigar uma escola de samba? Tantos terreiros sendo invadidos, tanto fundamentalismo e intolerância e Exu vai perder tempo com escola de samba que esqueceu de comprar farinha?

Esse tipo de discurso, fundamentalista e fanático, por parte do povo de axé, é um desserviço para a religião, é dar razão para as pessoas que dizem que Exu faz mal, que Orixá acaba com a vida da pessoa.

Então, da próxima vez que um carro estragar na Sapucaí, não culpe Exu, não culpe ninguém, mas ajude a tirar o carro do caminho pra caravana passar.

Desculpem o desabafo um tanto informal demais para um blog, mas não dá mais pra ficar calado. E para encerrar, transcrevo o samba-enredo da União da Ilha:

Dos bantos Nzambi, o criador
Giram ampulhetas da magia
Salve, rei Kitembo
Nzara Ndembu em poesia
Pra dar sentido à vida, transformar
Numa odisseia rasga o céu, alcança a terra
Sagrada é a raiz Nzumbarandá
Katendê, segredos preserva
Avermelhou, Kiamboté nos fez caminhar
Na luta entre o bem e o mal, forjou Kiuá
Senhores sagrados irão celebrar
Kukuana é fartura, natureza a festejar

Ndandalunda a me banhar (me banhar)
Seiva que brota do chão
Em rituais de purificação
E no balanço da maré (da maré)
Samba Kalunga nos traz
Rara beleza e peixes abissais
A chama ardente é fogo
O fogo que queima é paixão
É Nzazi fazendo justiça
Na força de um trovão
Que dita as leis do universo
E nos ensina a lição
Quando o sol beijou a lua
Viu no céu inspiração
Matamba soprou
O vento levou pra Angola reinar
Plantou o amor
A árvore da vida é a vida que dá
Êh, é no girê, é no girê
Macurá dilê no girá
É tempo de fé, União
O tambor da Ilha a ecoar

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